Sinta a nossa dor também!

A explosão que aconteceu no Líbano deixou-nos estarrecidos, assustados e entristecidos. As imagens do que aconteceu, o desespero das pessoas, todos os meios de comunicação focados ali e noticiando o que aconteceu, e, é lógico que isso gera uma comoção global e deve gerar porque toda morte precisa ser sentida.
A comoção é global e palavras sentidas surgem de todos os lados, as rixas políticas são esquecidas e mensagens de condolências são partilhadas. A dor partilhada é dor amenizada e aquelas pessoas precisam de todo apoio e suporte nesse momento tão complicado que estão vivendo.
Diante dessa tragédia, dá para imaginar os sonhos que ficaram por realizar, os abraços, os beijos, a história de vida que foi interrompida e os muitos “ses” que estarão dando volta nas cabeças daqueles que sobreviveram, mas também, é fundamental cuidar de todos os feridos, pois a pior ferida é aquela que não vemos. As feridas emocionais e as feridas da alma levam muito mais tempo para serem cuidadas.
Como brasileiro, gostei de ver que o Itamaraty tomou uma atitude solidária com o povo Libanês, até porque a comunidade libanesa no Brasil é enorme. Também confesso, fiquei surpreendido pela positiva atitude do presidente Jair Bolsonaro, que desta vez não saiu com um “e daí” mas declarou: “Profundamente triste com as cenas da explosão em Beirute. O Brasil abriga a maior comunidade de libaneses do mundo e, deste modo, sentimos essa tragédia como se fosse em nosso território. Manifesto minha solidariedade às famílias das vítimas fatais e aos feridos.” Muito bem, parabéns senhor presidente!
O presidente teve uma atitude de empatia, buscou fazer o que a própria Escritura diz que precisamos fazer que é: “chorar com os que choram” (Rm 12.15). É isso que todos nós devemos fazer. Contudo, é fundamental ter a mesma atitude com os que são próximos. É fácil sentir-se triste com o que acontece longe, ser solidário, mas o complicado é sê-lo com os que vivem aqui do lado e sem querer minimizar a tragédia ocorrida no Líbano, não podemos esquecer a tragédia que está acontecendo no Brasil e mediante isso, suplico-te, sinta a nossa dor também!
É triste reconhecer, mas as tragédias acontecem em todos os lados e nos dias atuais, ficam estampadas para nós enquanto são consideradas notícias, ou, até surgir uma nova tragédia que afaste os nossos olhos da anterior. Contudo, não podemos fechar os nossos olhos para o que está acontecendo agora e muito menos fazer de conta que nada está acontecendo. O governo brasileiro se compadeceu das pessoas que morreram no Líbano e fê-lo muito bem, mas é preciso também se compadecer dos familiares da sua própria gente. Contudo, mais do que o governo, todos nós somos desafiados a ouvir o clamor dos que dizem: “sintam a nossa dor também!”