Solidariedade e generosidade

A tragédia que se abateu sobre o município de São Sebastião, no estado de São Paulo, serviu para mostrar o lado egoísta e explorador do ser humano, mas serviu também para expor o lado solidário e generoso. Nesse sentido, é preciso tirar o chapéu para a dona Fernanda Huerta, que teve seu restaurante invadido pela lama, ficando sem condições de funcionar, mas apesar de ter tido um enorme prejuízo, mobilizou-se e está distribuindo 500 marmitas para pessoas que ficaram desalojadas. Ou seja, como afirma Kushner: “Toda gente sofre, mas nem toda gente desespera. O desespero só é consequência do sofrimento quando a angústia nos separa dos outros. O mesmo sofrimento que leva uma pessoa a perder toda a esperança pode, com a mesma facilidade, promover a empatia, uma proximidade sincera com a dor de outra pessoa e o desfrute do tempo passado com aqueles que amamos, sabendo que será breve e, por isso mesmo, ainda mais preciso”. O cuidado de Fernanda me fez recorda história do profeta Elias com a viúva de Serepta e, a história é essa:
“Então o Senhor disse a Elias: Vá morar em Sarepta, perto da cidade de Sidom. Dei ordem a uma viúva que mora ali para lhe dar alimento. Elias foi a Sarepta. Quando chegou ao portão da cidade, viu uma viúva apanhando gravetos e lhe perguntou: Pode me dar um pouco de água para beber, por favor? Enquanto ela ia buscar a água, ele disse: Traga também um pedaço de pão. Mas ela respondeu: Tão certo como vive o Senhor, seu Deus, não tenho um pedaço sequer de pão em casa. Tenho apenas um punhado de farinha que restou numa vasilha e um pouco de azeite no fundo do jarro. Estava apanhando alguns gravetos para preparar esta última refeição, e depois meu filho e eu morreremos. Elias, porém, disse: Não tenha medo! Faça o que acabou de dizer, mas primeiro faça um pouco de pão para mim. Depois, use o resto para preparar uma refeição para você e seu filho. Pois assim diz o Senhor, Deus de Israel: Sempre haverá farinha na vasilha e azeite no jarro, até o dia em que o Senhor enviar chuva. Ela fez conforme Elias disse. Assim, Elias, a mulher e a família dela tiveram alimento para muitos dias. Sempre havia farinha na vasilha e azeite no jarro, exatamente como o Senhor tinha prometido por meio de Elias. Algum tempo depois, o filho da mulher ficou doente. Foi piorando e, por fim, morreu. Disse ela a Elias: Homem de Deus, o que você me fez? Veio para lembrar-me de meus pecados e matar meu filho? Elias, porém, respondeu: Dê-me seu filho. Tomou o corpo do menino dos braços dela, carregou-o para o andar de cima, onde estava hospedado, e o pôs na cama. Então Elias clamou ao Senhor: Ó Senhor, meu Deus, por que trouxeste desgraça a esta viúva que me recebeu em seu lar e fizeste o filho dela morrer? Em seguida, Elias se deitou sobre o menino três vezes e clamou ao Senhor: Ó Senhor, meu Deus, por favor, permite que a vida volte a este menino! O Senhor ouviu a oração de Elias, e o menino voltou a viver. Elias o levou para baixo e o entregou à mãe. Veja, seu filho está vivo, disse ele. Então a mulher disse a Elias: Agora tenho certeza de que você é um homem de Deus, e de que o Senhor verdadeiramente fala por seu intermédio!” (1 Rs 17.8-24).
O que aprendemos com esse texto?
É preciso ouvir e obedecer a voz de Deus. O texto é interessantíssimo, pois percebemos na narrativa o diálogo de Deus com Elias. Entretanto, não o vemos falando com a viúva, mas é dito que Ele deu ordem a ela, para que desse alimento ao profeta. Logo, essa estrangeira ouviu a voz de Deus e tanto ela, como Elias ao escutarem a voz do Senhor obedeceram.
Nunca deixe de ser solidário. A narrativa nos apresenta uma viúva pobre, que estava certa de que faria a sua última refeição, pois não tinha mais mantimentos e, certamente morreria juntamente com seu filho. Mesmo assim, o texto deixa claro que essa viúva não deixou de ser solidária, tanto que partilhou do pouco que tinha com o profeta.
Alimente a esperança. A narrativa aconteceu num ambiente de escassez, onde uma viúva se viu sem esperança de dias melhores, mas eis que aparece o profeta e, mediante a disponibilidade dela, o mesmo disse que não lhe faltaria farinha nem azeite. Esteja próximo dos que estão passando por aflições e alimente a esperança deles. Elias ficou na casa da viúva e quando seu filho adoeceu e morreu, ele clamou a Deus que trouxe o menino de volta à vida.
Viva um dia de cada vez. O profeta falou para viúva preparar um bolo para ele e que depois, fizesse para ela e pro filho porque não faltaria farinha e nem azeite e assim, dia após dia, eles foram vivendo. O texto não diz, mas a cada dia, essa viúva desfrutava da companhia de seu filho, dos seus sentimentos e emoções, desfrutava do que a vida lhe concedia. Portanto, viva um dia de cada vez.
Por último, busque a Deus em oração. A narrativa culmina com a vida triunfando sobre a morte. Isso aconteceu por causa da atitude do profeta que não aceitou que o filho da viúva tivesse morrido, por isso, ele orou a Deus, clamou pedindo a intervenção de Deus e o Senhor respondeu a sua oração. Portanto, nunca em hipótese alguma desista da vida de oração.
Fátima teve um prejuízo enorme, mas continuou sendo solidária, alimentando várias pessoas e também alimentando a esperança. Elias foi cuidado por uma viúva e também cuidou da mesma. Todos aprenderam a viver um dia de cada vez e partilhando tudo o que tinham. Ou seja, no meio da tragédia e da escassez eles se fizeram generosos. Como é que tu tens vivido?