Terra da Fraternidade

Portugal é um país maravilhoso, de gente acolhedora e de uma beleza ímpar. Sua gastronomia é inigualável, com uma cultura bela e uma gente que gosta de preservar seus costumes e tradições. Este é o país que me acolheu e aqui vivo por mais de duas décadas e foi aqui que meus filhos cresceram.
Sou brasileiro e amo o meu país, não mudei para Portugal buscando um “futuro melhor”. Vim para cá para desenvolver uma missão e aqui tenho investido minha vida durante estes anos e amado este povo e foi com muita tristeza que li sobre as atitudes xenófobas que estão acontecendo nesse lindo país. Essa atitude além de triste é preocupante, fruto de uma radicalização que vemos acontecendo à volta do planeta. Ver isto acontecendo em Portugal é triste, até porque, este é um país que foi e continua sendo de emigrantes. Sendo assim, tal atitude é incompreensível vindo de pessoas que sabem o que é estar longe de casa.
Estas atitudes xenófobas que estão acontecendo ferem a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Mostram todo o preconceito existente, e tal ato fala da insegurança e do medo dos tais que perpetuam essas atitudes. Perante isto não podemos ficar calados. Não devemos aceitar que pessoas sejam destratadas por serem de um determinado país. A Escritura diz: “Portanto, tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei também a eles; porque essa é a Lei e os Profetas” (Mt 7.12). Jesus diz abertamente que se você quer ser tratado bem, deve tratar os outros bem. Sendo assim, um país com historial de emigração não pode acolher os outros de maneira preconceituosa.
É triste ver o crescimento do ódio em relação ao seu semelhante. Dói perceber que pessoas são postas de lado por causa de sua nacionalidade. Os estrangeiros precisam ser acolhidos e respeitados. É magnífico ver o que Deus diz ao povo de Israel quando peregrinava no deserto, rumo à terra prometida: “Também não oprimirás o estrangeiro; porque vós conheceis o coração do estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito.” (Êx 23.9). Estas palavras podem ser ditas ao povo português e seria muito bom que o governo assumisse uma postura e também as comunidades religiosas se posicionassem em relação ao acontecido.
É triste ver que o país que eu amo está virando as costas para os estrangeiros. É duro perceber que essas atitudes se projetam em todos os ramos da sociedade. Ela invade o espaço sagrado, e sim, não podemos fazer de conta que esse preconceito, essa atitude xenófoba não tem invadido as comunidades cristãs. Entretanto, é preciso lembrar que o ETERNO não despreza ninguém. Ele amou e ama a todos. Para Ele somos todos iguais e tratados da mesma maneira. Cabe à comunidade, o povo de Deus, agir de maneira diferenciada. A Escritura diz: “Pois o SENHOR, vosso Deus, é o Deus dos deuses, e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita recompensas.” (Dt 1.17).
Espero que a canção mote para o 25 de Abril seja uma realidade em nossos dias que que possamos unir nossas vozes a de Zeca Afonso e cantar:
"Grândola Vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti ó cidade
Em cada esquina um amigo
Em cada rosto a igualdade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti ó cidade"
Que Portugal realmente seja a terra da fraternidade e que os portugueses e principalmente o povo de Deus, que vive nesse lindo país, tratem o seu semelhante com igualdade.