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Um ombro amigo



Viver é muito mais que existir., até porque há pessoas que simplesmente existem, mas é como se elas não vivessem, ou seja, não desfrutam da alegria de Viver. Chico Buarque, em duas de suas canções, aborda esse tema que demonstra muito bem essa realidade, que é a de muitas pessoas que vivem dessa maneira. A primeira é Carolina, que ficou na janela e a canção conclui afirmando: “O tempo passou na janela / E só carolina não viu”. Ela apenas existiu. A segunda canção é O Velho, e nesta canção há uma estrofe triste que define bem quem apenas existe pois ela afirma:


O velho vai-se agora
Vai-se embora sem bagagem
Não sabe pra que veio
Foi passeio, foi passagem

Como é triste ver pessoas que apenas existiram, que foram passagem. Entretanto viver é ter a coragem de se envolver com pessoas, de se doar e de correr riscos. Viver é manifestar suas emoções e sentimentos. A letra de Vinícius de Moraes, Como Dizia o Poeta, retrata bem uma pessoa que viveu e vive. A letra inicia assim:


Quem já passou
Por esta vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá
Pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou
Pra quem sofreu, ai
Quem nunca curtiu uma paixão
Nunca vai ter nada, não 

O Senhor Jesus Cristo, em sua caminhada entre nós, se recusou a existir, se recusou passar pela vida. Ele viveu tudo o que havia para viver e sentiu tudo o que tinha para ser sentindo, pois Ele foi plenamente humano, por mais que alguns não consigam ver essa realidade. Ele é Deus feito homem, mas é também o Homem-Deus. Um dos momentos que podemos ver e muito a humanidade de Jesus encontra-se no evangelho de Marcos, quando descortinam-se os sentimentos e emoções do Mestre de maneira intensa. O evangelista nos diz que


Então foram a um lugar chamado Getsêmani, e Jesus disse a seus discípulos: “Sentem-se aqui enquanto vou orar”. Levou consigo Pedro, Tiago e João e começou a sentir grande pavor e angústia. “Minha alma está profundamente triste, a ponto de morrer”, disse ele. “Fiquem aqui e vigiem.” Ele avançou um pouco e curvou-se até o chão. Então orou para que, se possível, a hora que o esperava fosse afastada dele. E clamou: “Aba, Pai, tudo é possível para ti. Peço que afastes de mim este cálice. Contudo, que seja feita a tua vontade, e não a minha”. Depois, voltou aos discípulos e os encontrou dormindo. “Simão, você está dormindo?, disse ele a Pedro.Não pode vigiar comigo nem por uma hora? Vigiem e orem para que não cedam à tentação, pois o espírito está disposto, mas a carne é fraca.
Então os deixou novamente e fez a mesma oração de antes. Quando voltou pela segunda vez, mais uma vez encontrou os discípulos dormindo, pois não conseguiam manter os olhos abertos. Eles não sabiam o que dizer. Ao voltar pela terceira vez, disse: “Vocês ainda dormem e descansam? Basta; chegou a hora. O Filho do Homem está para ser entregue nas mãos de pecadores. Levantem-se e vamos. Meu traidor chegou (Mc 14.32-42).

Olhando para a humanidade de Jesus, o que aprendemos com esse texto?

A primeira coisa que eu aprendo com esse texto é que há momentos na vida que necessitamos ter os nossos amigos chegados por perto. O Senhor Jesus foi com seus discípulos para o Getesêmane e disse para que eles ficassem sentados descansando, pois ele iria orar e levou consigo Pedro, Tiago e João. Jesus, o Homem-Deus, nos mostra que há momentos na vida que precisamos ter os amigos chegados à nossa volta.

A segunda realidade que aprendo com esse texto é que precisamos ter com quem partilhar nossas angústias. O texto é maravilhoso, pois o Senhor partilha sua angústia com o Pai através da oração, mas também com os amigos e os discípulos mais chegados. Uma dimensão vertical que nos faz ver o transcendente, mas também na horizontal ao mostra-nos que não caminhamos sós e que, quando atravessamos os nossos momentos de angústias e medos podemos contar com aqueles que amamos.

A terceira lição que eu aprendo com esse texto é a da obediência, pois o Senhor Jesus suplicou ao Pai, pediu que se possível fosse afastasse dele aquele cálice, mas também demonstrou que o que importava era a vontade do Pai. Por isso, Jesus Cristo deixou claro que não era a sua vontade que contava, mas sim a vontade de Deus. Ele também mostra que devemos obedecer e cumprir a vontade do Pai.

Esse texto mostra-me um Jesus extremamente humano, angustiado, triste e que, ao viver o seu momento de aflição, o Mestre necessitou de um ombro amigo. Portanto, o exemplo deixado por Ele é que devemos sempre contar com os amigos. Contudo, e acima de tudo, assim como Jesus, suplicar ao Pai e fez a vontade do Pai. Quem é que tens buscado nas tuas horas de angústia?


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