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Uma questão de cuidado



Há uma associação de caráter humanitário que em uma de suas áreas de atuação é o cuidado dispensado às pessoas idosas que vivem sós. Os voluntários dedicam algum tempo dos seus dias para simplesmente estarem disponíveis, afim de conviverem com esses idosos que vivem isolados. Atul Gawande declarou que: “a velhice e a doença deixaram de ser uma responsabilidade partilhada entre várias gerações e tornaram-se uma espécie de estado privado: algo vivido em grande parte a sós ou com a ajuda de médicos e instituições”. Numa época em que não havia pensões, sistemas de seguro e muito menos segurança social, o apóstolo Paulo escreveu a Timóteo, orientando-o sobre a questão do cuidado e o que a igreja e as famílias deveriam fazer em relação aos mais velhos e necessitados. Atualmente, os princípios continuam sendo os mesmos, como também têm sido válidos para os nossos dias. Paulo orienta o jovem pastor assim:


Cuide das viúvas que não têm ninguém para ajudá-las. Mas, se elas tiverem filhos ou netos, a primeira responsabilidade deles é mostrar devoção no lar e retribuir aos pais o cuidado recebido. Isso é algo que agrada a Deus. A verdadeira viúva, uma mulher sozinha no mundo, põe sua esperança em Deus. Dia e noite, faz súplicas e orações. Mas a viúva que vive apenas para o prazer está morta, ainda que esteja viva. Dê essas instruções, para que ninguém fique sujeito a críticas. Aqueles que não cuidam dos seus, especialmente dos de sua própria família, negaram a fé e são piores que os descrentes. A viúva incluída na lista para receber sustento deve ter pelo menos sessenta anos e ter sido esposa de um só marido. Deve ser respeitada pelo bem que praticou, como alguém que soube criar os filhos, foi hospitaleira, serviu o povo santo com humildade, ajudou os que estavam em dificuldade e sempre se dedicou a fazer o bem. As viúvas mais jovens não devem fazer parte dessa lista, pois, quando seus desejos físicos forem mais fortes que sua devoção a Cristo, desejarão se casar novamente. Assim se tornarão culpadas de quebrar o compromisso que fizeram. Além disso, aprenderão a se tornar ociosas e a andar de casa em casa, fazendo fofoca, intrometendo-se em assuntos alheios e falando do que não devem. Portanto, aconselho que essas viúvas mais jovens se casem de novo, tenham filhos e tomem conta do próprio lar. Então o inimigo não poderá dizer coisa alguma contra elas. Pois, de fato, algumas já se desviaram e agora seguem Satanás. Se alguma irmã na fé tem viúvas na família, deve tomar conta delas e não sobrecarregar a igreja, que assim poderá cuidar das viúvas que estiverem verdadeiramente sozinhas (1 Tm 5.3-16). 

Quais são os princípios que esse texto nos ensina?


O primeiro princípio traçado pelo apóstolo é que as famílias devem cuidar dos seus o quanto possível. Esse princípio é maravilhoso e totalmente válido para os nossos dias, pois em algumas sociedades “o sistema familiar tradicional tornou-se menos uma fonte de segurança e mais uma luta pelo controle: controle das propriedades, das finanças e inclusive das decisões mais básicas sobre como podiam viver” (Gawande, 2015). Entretanto, controle não é cuidado e controlar coisas não é cuidar de pessoas. Sendo assim, é válido o que escreveu Renato Russo, na canção Pais e Filhos “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”. Portanto, a família não pode virar as costas aos seus.


O segundo princípio é que a Igreja, na medida do possível, tem que acolher e amparar os necessitados. O apóstolo declara que a igreja deve estar pronta para apoiar e sustentar aqueles que realmente estão sem condições alguma. É essencial entender que a igreja existe para servir e cuidar. Ela serve a Deus, servindo e cuidando da criação de Deus.


Há um terceiro princípio traçado pelo apóstolo que é o do discernimento. O apóstolo afirma que é preciso saber quem realmente está na condição de necessitado. É preciso saber quem realmente está carente e para isso, é essencial que haja discernimento para que se tenha condições de avaliar a situação e assim, agir de maneira correta.


O apóstolo Paulo orientou o jovem Timóteo, mas os seus princípios continuam válidos para hoje e nos ensinam que famílias e igrejas não podem virar as costas aos necessitados, mas avaliar bem cada situação para ver quem realmente está necessitando de suporte. Que esses princípios sejam uma realidade em nossos dias!

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