Uma questão de justiça

Diariamente, ao ler e ao assistir aos noticiários televisivos, observo que as pessoas estão se manifestando e lutando por seus direitos em diversos países, enquanto outros protestam por causa das injustiças que estão sofrendo. Também podemos acompanhar os desmandos daqueles que exercem o poder e os que são responsáveis por manter a ordem, que muitas vezes, são cruéis e violentos. Entretanto, percebemos que essas atitudes não são novidade, mas que acontecem desde sempre. Quando lemos o livro de Atos, percebemos algo semelhante, mas que nos ensina muito. Lucas nos apresenta em sua narrativa a atitude do apóstolo Paulo e sobre a qual devemos refletir. Sendo assim, deixemos o texto falar:
“A multidão ouviu Paulo até ele dizer essa palavra. Então começaram a gritar: Fora com esse sujeito! Ele não merece viver! Gritavam, arrancavam seus mantos e jogavam poeira para o alto. O comandante trouxe Paulo para dentro e ordenou que ele fosse açoitado e interrogado a fim de descobrir por que a multidão tinha ficado tão furiosa. Quando amarravam Paulo para açoitá-lo, ele disse ao oficial que estava ali: A lei permite açoitar um cidadão romano sem que ele tenha sido julgado? Ao ouvir isso, o oficial foi ao comandante e perguntou: O que o senhor está fazendo? Este homem é cidadão romano!
O comandante perguntou a Paulo: Diga-me, você é cidadão romano? Ele respondeu: Sim, eu sou. Eu também, disse o comandante. E paguei caro por minha cidadania! Paulo respondeu: Mas eu sou cidadão de nascimento. Quando os soldados que estavam prestes a interrogar Paulo ouviram que ele era cidadão romano, retiraram-se de imediato. Até mesmo o comandante ficou com medo ao saber que Paulo era cidadão romano, pois tinha mandado amarrá-lo” (At 22.22-29).
Quais são as lições que esse texto ensina?
A primeira lição que o texto ensina é que não se deve aceitar o sofrimento evitável. O texto mostra que os judeus queriam a morte Paulo quando ele foi levando pela guarda romana, ao passo que o comandante ordenou que ele fosse torturado e interrogado. Entretanto, quando estavam prendendo o apóstolo para açoitá-lo, ele fez valer o seu direito de cidadão romano, uma vez que todos os cidadãos romanos eram isentos desse tipo de interrogatório. Portanto, o apóstolo, diante de um sofrimento evitável, recusou vivê-lo, tal e qual o Senhor Jesus. Portanto, não aceite o sofrimento evitável.
A segunda lição que o texto ensina é que não se deve aceitar a injustiça. O texto afirma que as pessoas desejavam a morte de Paulo, que o comandante romano interveio nesse processo e que iria interrogar Paulo através de açoites, ou seja, se utilizaria a tortura. Entretanto, o apóstolo recorre e diz que era um direito seu ter um julgamento e que ele não poderia passar por tudo aquilo sem que fosse julgado. Sendo assim, aprendemos que não podemos aceitar passivamente a injustiça e não podemos nos calar perante a violência a ser perpetrada.
Por último, o texto ensina que precisamos fazer valer os nossos direitos. Não permita que seus direitos sejam violados! Paulo fez valer o seu direito que lhe era garantido por ser cidadão romano. Portanto, lute pelos seus direitos e não aceite que violem o que é determinado por lei.
Ser cristão não significa aceitar tudo e muito menos calar-se diante das injustiças. A Escritura ensina que devemos ter voz ativa e que precisamos fazer valer os nossos direitos, mas devemos fazê-lo sem o uso da violência.